O segundo maior emissor de gases de efeito estufa no mundo provavelmente vai continuar emitindo, e muito! E não há COP que dê jeito nisso! Trump prometeu (ou ameaçou?) e deve cumprir sobre a retirada dos Estados Unidos do acordo de Paris porque disse, em alto e bom tom, que a intenção para os próximos anos é revitalizar a indústria automobilística e restaurar a dominância do país no setor de energia. Por aí já dá para imaginar os embates climáticos que o mundo vai enfrentar por, pelo menos, mais quatro anos.
Na abertura da COP29 , em novembro, no Azerbaijão, o ministro Mukhtar Babaiev fez um discurso acalorado e praticamente condenou o planeta a morrer asfixiado a partir de agora, se a mentalidade social do mundo não for alterada com relação às emissões. Para o líder, o efeito estufa e suas consequências, não se trata de "um problema futuro, mas sim de um problema de hoje". Mas, como resolver esse problema sem a anuência de quem mais contribui para que ele exista? Difícil questão.
Foto: Alexander Nemenov
Por aqui as os assuntos climáticos estão andando. Lá na CPO29, Alckmin expôs as metas de controle de emissões com as quais o Brasil se compromete até 2035. A ideia é reduzir as emissões líquidas de gases do efeito estufa de 59% a 67% até lá. No começo do mês passado, o Inpe publicou um relatório no qual relata que o desmatamento na Amazônia teve queda de 45,7% no período de agosto de 2023 a julho de 2024, totalizando 4.315 km², ante 7.952 km² entre agosto de 2022 e julho de 2023. É a maior queda histórica proporcional já registrada no período. Excelente notícia, não é? Talvez... Antes de comemorar, vem a preocupação: até quando as coisas vão caminhar por aqui, dados os acontecimentos nos Estados Unidos, digo, a eleição de Trump?
Para piorar, ainda lá no Azerbaijão, o relatório final da conferência do clima não acabou bem para os chamados países em desenvolvimento, dentre os quais está o Brasil. O acordo que prevê US$ 300 bilhões por ano para apoiar esses países na luta contra a crise climátia foi considerado insuficente. O próprio António Guterres, secretário - geral da ONU, afirmou que esperava um resultado "mais ambicioso". O valor inicialmente esperado era de US$ 1,3 trilhão. A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, usou a expressão "experiência difícil" ao analisar o desfecho do encontro.
E para finalizar a nossa análise, que é superficial, mas dá uma ideia do que há por vir com relação às mudanças climáticas, eu vou trazer à tona as últimas catástrofes nacionais: seca recorde no Norte e a enchente devastadora no Sul do Brasil. É bem provável que existam inúmeros motivos técnicos para que esses dois eventos tenham ocorrido em 2024, mas todo mundo há de convir que as mudanças climáticas, causadas pelas emissões de gases de efeito estufa, foram um agravante para as proporções que eles tomaram. Então fica fácil deduzir que esse assunto seja de extrema importância.
Solange Carvalho