Uma onda de calor prevista para atingir o Brasil entre 12 e 21 de fevereiro gerou alarme após matérias divulgarem a possibilidade de a sensação térmica chegar a 70°C. No entanto, especialistas e instituições meteorológicas, como a Climatempo e o Instituto Nacional de Meteorologia (InMet), esclarecem que a informação foi baseada em uma interpretação equivocada de dados, levando a uma grave desinformação.
A Origem do Equívoco
A projeção de sensação térmica extrema partiu do uso incorreto de uma tabela de referência do antigo Núcleo de Climatologia Aplicada da USP (abaixo), que relaciona temperatura e umidade. O erro ocorreu ao cruzar a temperatura máxima (geralmente registrada à tarde) com a umidade máxima (mais comum à noite ou de madrugada), ignorando que o cálculo exige ambas as variáveis no mesmo horário. Por exemplo, em Porto Alegre, a previsão indicava 40°C às 14h com umidade de 49%, resultando em sensação de 54°C. Já a medição real às 15h registrou 39,5°C e 43% de umidade, com sensação de 47°C, muito abaixo dos 70°C divulgados.
A Ciência por Trás da Sensação Térmica
A sensação térmica é calculada combinando temperatura e umidade relativa do ar no mesmo momento. Para atingir 70°C, seria necessário, por exemplo, 41°C com 80% de umidade simultaneamente — cenário praticamente impossível na realidade, pois o calor reduz a umidade ao evaporar a água do ar. Regiões costeiras, como o Rio de Janeiro, têm maior chance de sensações elevadas devido à umidade persistente, mas mesmo lá, previsões confiáveis apontam até 60°C em condições extremas. Em dias nublados, a umidade permanece alta, mas as temperaturas não alcançam picos extremos.
A Onda de Calor Real
Apesar do exagero nos 70°C, a onda de calor é intensa e preocupante:
Riscos e Cuidados O calor extremo traz riscos à saúde, como insolação e desidratação, especialmente para idosos e crianças. Recomenda-se: