Foto: Vadebike
Um grupo de ciclistas percorreu a Avenida Paulista, no centro de São Paulo, na noite de sábado (16), em uma manifestação inusitada: completamente nus, eles pedalaram para protestar contra a falta de segurança no trânsito e defender o uso de transportes não poluentes. A "Pedalada Pelada", parte do movimento internacional World Naked Bike Ride (WNBR), reuniu dezenas de participantes, que saíram da Praça do Ciclista por volta das 20h e percorreram a região sob olhares surpresos de motoristas e pedestres.
O protesto e seus objetivos
A ação, que ocorre há mais de duas décadas em cidades como Paris, Londres e Tóquio, tem como lema "Menos carros, mais corpos livres". Segundo os organizadores, a nudez simboliza a vulnerabilidade dos ciclistas no trânsito e critica a dependência excessiva de veículos motorizados. "Pedalar nu é um ato político. Mostramos que nossos corpos não são obscenos, mas o trânsito violento e a poluição sim", explicou um participante que preferiu não se identificar. Além da pauta ambiental, o evento promove a positividade corporal, desafiando padrões de beleza e normalizando a diversidade de corpos. Muitos ciclistas usaram tintas, máscaras ou adereços para preservar o anonimato, enquanto outros optaram por expor-se integralmente.
Foto: Guilherme Santos
Reações do público e registro nas redes
A cena chamou a atenção de quem passava pela região. Vídeos publicados nas redes sociais mostram os ciclistas pedalando entre carros, ao som de buzinas e aplausos. "No começo achei estranho, mas entendi a mensagem. É uma forma criativa de protestar", disse Maria Santos, uma transeunte que registrou o momento. Nem todos, porém, reagiram com apoio. Alguns motoristas buzinaram em sinal de reprovação, enquanto outros pedestres criticaram a "exposição indevida". A Polícia Militar acompanhou o trajeto, mas não houve intervenções ou detenções.
Contexto global e histórico
O WNBR surgiu no início dos anos 2000 como resposta à crescente degradação ambiental e à cultura do automóvel. No Brasil, a "Pedalada Pelada" ocorre desde 2006 em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, sempre com foco em pautas locais. Em 2023, o evento debateu o aumento de atropelamentos de ciclistas na capital paulista, que registrou 73 mortes no ano.
Foto: Renato Vasconcellos
Desafios urbanos
A Avenida Paulista, símbolo da mobilidade caótica de São Paulo, foi escolhida por seu simbolismo: apesar de ter ciclofaixas, ainda é palco de conflitos entre carros, ônibus e bicicletas. Dados do Observatório Paulista de Trânsito indicam que 40% dos acidentes com ciclistas na cidade ocorrem em vias de grande fluxo.