11 Feb
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Foto: Reuters

O presidente Donald Trump reuniu-se nesta terça-feira (11), com o rei Abdullah II, da Jordânia, na Casa Branca, para exigir que o país aceite o plano de transferência permanente de mais de dois milhões de palestinos da Faixa de Gaza para território jordaniano. A proposta, já rejeitada pelo governo jordaniano e criticada por líderes árabes, foi defendida por Trump como uma "solução segura", mas enfrenta acusações de violar direitos humanos e o direito internacional. 

Em entrevista à Fox News na segunda-feira (10), Trump confirmou que a transferência seria permanente, com a construção de "comunidades bonitas e seguras" em áreas distantes de Gaza, possivelmente na Jordânia e no Egito. O republicano ameaçou cortar a ajuda financeira anual à Jordânia caso o país não aceite o plano. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apoiou a iniciativa, ordenando a preparação de um plano para facilitar a emigração de palestinos de Gaza. A proposta, no entanto, é rejeitada pelos próprios palestinos, pelo Hamas, que controla Gaza, e por nações árabes, incluindo a Arábia Saudita. 

A Posição da Jordânia e os Riscos de Instabilidade 

A Jordânia, que já abriga 2,3 milhões de refugiados palestinos desde 1948, além de 700 mil sírios considera a proposta uma ameaça à sua estabilidade. O país tem 13 campos de refugiados administrados pela ONU e enfrenta desafios econômicos e sociais crônicos. O rei Abdullah II evitou comprometer-se publicamente, afirmando apenas que "precisa fazer o que é melhor para sua nação". 

Analistas alertam que a chegada de mais palestinos poderia desestabilizar o regime hashemita, já pressionado por protestos internos contra a aliança com os EUA e Israel. Paul Salem, do Middle East Institute, destacou: "Abdullah não pode sobreviver à ideia de conspirar para a limpeza étnica dos palestinos" 

Acusações de Limpeza Étnica e Violações Legais 

Organizações de direitos humanos e líderes globais classificaram o plano como "limpeza étnica", violando a Convenção de Genebra e a Resolução 242 da ONU, que proíbe a aquisição de territórios pela força. O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou pelo respeito ao cessar-fogo em Gaza e alertou para uma "imensa tragédia" caso as hostilidades sejam retomadas. Trump, porém, minimizou as críticas, afirmando que "ninguém questionará" o controle dos EUA sobre Gaza, onde planeja criar uma "Riviera do Oriente Médio" com hotéis e empreendimentos imobiliários

Cessar-Fogo Sob Ameaça 

O encontro ocorreu em meio a tensões sobre o cessar-fogo entre Israel e Hamas, após o grupo palestino adiar a libertação de reféns israelenses, prevista para sábado passado (15). Trump ameaçou reabrir "as portas do inferno" se o Hamas não cumprir o prazo, enquanto Netanyahu declarou que retomará os combates caso os reféns não sejam libertados.

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